Mais um carnaval se
passou e eu vi alguns tantos milhões aplicados improdutivamente. Passei pelo
sambódromo e vi esses milhões em alegorias e fantasias se desfazendo sob as
intempéries. Nossa cidade virou um buraco e está quase indo para fundo neste
período de chuvas. Sinto dizer que este é o sentido amplo e literal da venda
que nos cobre os olhos. Nos hospitais e postos de saúde faltam melhorias no
tratamento de inúmeras enfermidades, nos municípios a economia afunda porque
os investimentos em setores produtivos revelam-se escassos. Isto poderia ter
sido diferente, mas acredito que a aplicação da “verba carnavalesca” em outros
setores que estão ruindo aos nossos olhos não deva partir somente dos nossos
governantes, mas deva partir também do povo, que teoricamente é quem manda e ao
mesmo tempo, é quem mais sofre com a própria passividade. Todavia nem tudo é
lixo, ou já esquecemos que muito do dinheiro investido no carnaval se
transforma num esquema corrupto para ganhar os títulos, e em carros de luxo e
viagens para muitos diretores de escolas de samba? – Pesquisem a história do
carnaval aqui de nossa cidade e leiam com os próprios olhos a infante
brincadeira para com os nossos bolsos. Nesta quarta é hora de soprar as cinzas,
pois o carnaval morreu, mas não esqueçamos uma coisa: a vida segue e nossa
triste realidade não mudou !